São Marcelino nasceu em Cartago, norte da África. Era um alto funcionário imperial e acumulava os cargos de tabelião e tribuno. Grande amigo de Santo Agostinho, excelente  pai de família e cristão exemplar, foi definido por Santo Agostinho, que era bispo de Hipona,  como um homem notável pela religiosidade e pela estima que todos lhe dedicavam. Muito culto, ansioso  por aprender, várias  vezes se dirigiu ao amigo, solicitando esclarecimentos sobre pontos difíceis da doutrina cristã. Foi  em razão dessas perguntas e para responder às dúvidas e curiosidades de São Marcelino, que Santo Agostinho escreveu algumas importantes obras como “Sobre a Remissão dos Pecados” e “O Espírito e a Letra”. O martírio de São Marcelino está relacionado com o cisma donatista que teve início no ano 319, e que  por mais de um século dividiu a Igreja africana. Como para o bispo Donato e seus seguidores, a eficácia dos sacramentos  dependia da dignidade de quem os administrava, eles contestaram a validade da eleição de Ceciliano para bispo de Cartago,  porque ele tinha sido sagrado por um bispo que, segundo a opinião dos donatistas,  era um traidor da fé cristã, uma vez que por ocasião do decreto do Imperador  Diocleciano,  havia entregue os livros sagrados para serem queimados. Influenciados por questões regionais e sociais da época, o bispo Donato e seus seguidores pregavam que a Igreja era uma sociedade de santos e que, por isso, os sacramentos administrados por pessoas reconhecidamente pecadoras deviam  ser considerados nulos. Durante a conferência que aconteceu em Cartago, em 411, Marcelino se colocou ao lado  dos bispos católicos e contra os donatistas que se vingaram, acusando-o de cumplicidade com o usurpador Heracliano. A acusação era grave e São Marcelino foi condenado à morte pelo conde Marino. Um ano depois o próprio Imperador reconheceu  o erro da justiça romana, a  acusação contra São Marcelino caiu por terra, e  todas as suas decisões foram aprovadas. A Igreja  passou então a honrá-lo  como mártir.

      Hoje, quando ainda  são muitos os que  têm dificuldade em aceitar  o pecado existente na Igreja, principalmente quando este diz respeito aos  ministros ordenados, São Marcelino nos convida a refletir sobre a precariedade do ser humano e  a aceitar a existência do bem e do mal na história da humanidade. Mas hoje também ele nos convida a amar essa  Igreja, que é  santa e pecadora, e por isso mesmo, real. Santa,  porque Jesus é  sua cabeça, e pecadora, porque nós formamos o seu corpo.

ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA

BRASIL

São  Pedro

Paróquia de

06 DE ABRIL

SÃO MARCELINO

FONTE: LIVRO SANTIDADE ONTEM E HOJE, POR ZÉLIA VIANNA, PUBLICADO PELA PARÓQUIA DE SÃO PEDRO

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